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Este blog nunca se irá encontrar escrito ao abrigo do (des)Acordo Ortográfico de 1990!

quarta-feira, 21 de março de 2007

Especial: Na hora do chá V

O post que hoje disponho sobre a mesinha de chá é simples; a Poesia!

Quem diria? Porque falar especialmente de poesia se é este um blog onde se respira e consome poesia?

Hoje é dia 21 de Março e, como tem sido habitual, o dia em que a Primavera se inicia, celebra-se, também, o Dia Mundial da Poesia.
De há uns tempos para cá que recebo mensagens e e-mails de Parabéns, como se fizesse anos.
Embora os agradeça, respondo sempre, mais coisa menos coisa, "A Poesia agradece! E agradeço-te por também seres poesia."

As pessoa teimam em se fazerem tudo menos poesia!
Podera! A vida aguda e assaz dos tempos de hoje fazem-nos ser tudo menos a calma da poesia. Somos quase que um romance de terror, onde as palavras são demasiado carregadas por energias devastadoras.

Será por isso que se junta a Primavera e a Poesia?
E eu que tanto teimo em escrever palavras mais pesadas, fortes... Faço por transmitir ideias não tão "solarengas"; e, mais ainda, apraz-me o stress e a vida cosmopolita!
Serei menos poeta por isso?

Isso sim, só me faz crer que a Poesia é, afinal, tudo.
Seja ela serena ou agreste, mimosa ou cipreste, desperta ou sono. Primavera ou Outono!

Poesia é tudo o que em nós se melodia!

Aqui há uns tempos, questionava o porquê de eu não saber cantar se sei falar!?
Responderam-me, por meias palavras: "Eu também não sei escrever poesia. Embora saiba escrever. Para cantares, falta-te melodia, assim como me falta, a mim, melodia a escrever."

E como o post já vai longo, deixo-vos com uma estrofe curta, mas cheia de POESIA:

Veio a Lua dar-me as graças,
Beijar-me a mente. Criação!
Soltam-se açucenas. Exaltação!
Criam-se orgasmos enquanto me abraças,
Num dia que te criste, tão harmonia,
Belo e singular dia à Poesia!

terça-feira, 20 de março de 2007

Poema XLI - Serei forte

Porque me faço tão forte
Quando quero gritar?
Quererei enfrentar a morte
Sem ter de a encarar?

Porque guardo tanta dor
Quando a devia libertar,
E deixar o pior
Vaguear pelo mar?

Porque será que não choro
E guardo a dor no peito,
E ao passado não a jorro?
Para ser mais do que perfeito?

Mas quero gritar,
Quero chorar baba e ranho
Até em louco me tornar...
Fazer das lágrimas o lago onde me banho!

E com o erro aprender
Que basta ser como sou,
Que a vida também é para sofrer
E para ser vivida até ser avô.

Bruno Torrão
00/01/10

segunda-feira, 19 de março de 2007

Poema XL - Em dor

Foram mil noites de paixão
Entregues à magia do amor,
Na verdade foram só ilusão...
Verões sem qualquer calor.

Na água que eu já bebi,
O calor que me fez aquecer
Fez-se em gelo que derreti,
Mas que nunca devia fazer.

Sem querer te entregaste
A mim, de corpo e alma,
Sem temer ao que chegaste.
Um fim com muita calma...

Deixaste na solidão
Com um enorme aperto no peito,
Ficou em pedra meu coração
Perdido...sem qualquer jeito.

Bruno Torrão
99/12/29

quarta-feira, 14 de março de 2007

Outros V - Sophia M. B. Andersen

Espera

Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.





Sempre assumi o meu fraco respeito por Sophia. Não gosto! Apenas isso...

No entanto, assim como aqueles que venero têm obras com as quais não objecto predilecção ou gosto que seja, Sophia tem uns poucos poemas com os quais digo: "Não diria, jamais, que foi ela que escreveu!".
Esta Espera, As Rosas, a Promessa, são exemplos disso mesmo.

Poema XXXIX - Coração só

Quero falar de Amor,
Mas meu coração
Só me dá é dor
E Solidão.

Vejo na noite escura
Uma escapadinha
Da vida tão dura,
Desta alma sozinha,

Em que sou invadido
Por amor e carinho,
Onde sou possuído
E não fico sozinho,

Onde encontro a felicidade.
Sou amado!
Nasce o sol sobre a cidade
E fica o sonho terminado.

Por outra noite anseio
Apesar de ser imaginação,
Não tenho receio...
Pois alegro meu coração.

Bruno Torrão
99/12/18

quarta-feira, 7 de março de 2007

Poema XXXVIII - No meu mundo

Mais uma sem me sorrir.
Mais outra sem reagir.
Mais outra a fugir.
E outra sem me sorrir.

Sou tão antipático
Para toda a comunidade,
E certamente o mais simpático
De toda a sociedade.

Sou deveras o mais egoísta
Dos mais egoístas de lá do fundo.
Voluntariamente sou o artista
Que alegra todo o mundo.

Sou por todos tão adorado,
Querido e apaparicado,
E no fim sou um parvo
Por todos odiado.

Bruno Torrão
99/12/18

terça-feira, 6 de março de 2007

Poema XXXVII - O lago

Hoje eu me perdoo.
Da raiva que em mim guardo
Neste grande lago
E fundo
Tão largo como o mundo,
Imundo,
Sem fundo,
Feito de maldade,
Sem margem...
À margem da sociedade.
De betão não é a barragem...
É de falsidade
O cimento, cinzento
Ciumento,
É verdade.
Por lá não passa água
Só mágoa,
Saudade,
Tristeza,
Sem pureza
De se notar.
É difícil de aguentar
Sem que tenha de explodir
Sem que tenha de chorar
Gritar, enlouquecer...
Mas não sei o que mais faz doer.
Não sei o que realmente me vai ferir.
Vou guardá-lo,
Vou aguentar
E de novo me vou perdoar,
Para que não venha a magoá-lo.


Bruno Torrão
99/12/06

segunda-feira, 5 de março de 2007

Poema XXXVI - A minha droga

Acho que estou viciado,
Mas de uma maneira diferente!
É um vício de grande agrado.
Sinto-me letrodependente!

Podem achar uma loucura
Por às letras estar agarrado,
Mas se a vida para mim for dura,
É pelas letras que sou apoiado.

A minha seringa é a caneta.
Aquecida pela fúria do destino
Injecto a tinta azul ou preta,
E me torno drogado fino,

E me torno de novo menino,
Esquecendo quaisquer problemas.
Canto agora, livre, o hino...
Da alegria, e sem algemas!

Bruno Torrão
99/12/06

sábado, 3 de março de 2007

Poema XXXV - Palavras

São de lágrimas minhas palavras feitas!
Doces amarguras do meu destino.
São os espinhos das tão eleitas
Rosas de negro fino.

São palavras de todo um medo
Que possuo na minha coragem,
Descrevendo o feliz enredo
Do rio que não alcança a margem.

São suspiros escritos
Sobre fios de velhas mágoas,
Revelando aos infinitos
Angústias em tons de águas.

São tristes as palavras minhas
Mas que me dão tanta alegria.
E encontro nestas linhas
Meu refúgio do dia-a-dia.

Bruno Torrão
99/12/01

sexta-feira, 2 de março de 2007

Poema XXXIV - Quero escrever (para falar)

Hoje não há luar.
Que bom, que alegria!
Já tenho algo para me inspirar
E me dedicar à poesia.
Alegre ou sombria...

Mas não vejo como desenvolver
A ideia de melancolia.
Melhor era se estivesse a chover
Para exaltar a fantasia
Que em mim vive todo o dia.

Quero escrever sem parar,
E escrever como um desvairado.
E a escrever quero voltar,
Para não ficar angustiado,
Porque o não escrever me põe mais calado,

E isso eu não quero.
Quero ser das palavras imperador.
Sim! Ser como Homero
Que dava às palavras sentido de amor,
Pois não me basta falar de dor.

Quero falar de algo platónico,
Alegre ou real.
Só não quero ficar afónico.
Falar sobre este, aquela e o tal,
Sobre a dor ou até do irreal!

Bruno Torrão
99/11/28



É verdade, agora só quase actualizo isto de semana a semana. Felizmente!
O trabalho ocupa-me bastante bem o tempo e a cabeça. A vida para lá do emprego também! :)

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Poema XXXIII - O meu grito

O meu grito é mudo...
Mas eu grito.
Não derrubo o Mundo,
Mas ouve-se o meu grito.

O meu grito é frio...
Frio de gelar.
Grito na nascente do rio
Para se ouvir em alto mar.

O meu grito é barulhento...
Fácil de se notar.
Mas é levado pelo vento
Para ninguém me ajudar.

O meu grito é abafado,
Para se sentir o seu calor.
Mas quem está agasalhado
Não sente o meu furor.

Paro então de gritar
Pois agora já estou louco.
Ninguém me ouve chamar,
Mas vêm chegando de pouco a pouco.

Bruno Torrão
99/11/14




Este é o poema que inicia o meu segundo livro não publicado, Letrodependência.

A mudança do Expiração para este é extremamente ténue, até porque a minha temática, ainda hoje, dez anos passados desde o Adeus, não tem oscilado muito. Sou eu... intrissecamente eu! Embora um pouco maduro, moldado ou diferente.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Poema XXXII - Velha Querida

A Escola Secundária Infante D. Pedro


Quantas gerações por ti passaram?
Foram muitas, sim.
Quantas outras te desejaram
E não querem que tenhas fim?

Até sempre serás
Mais do que amiga,
E hoje me prepararás
Para toda a minha vida.

Não só me ensinaste
Matérias para saber,
Como também me ajudaste
A saber o que é viver.

És velha, bem o sei,
Mas não podes agora morrer.
Acredita que tudo farei
Para continuares a viver.

Bruno Torrão
99/11/18



Escrevi este poema quando nos foi dada a notícia de que a escola iria ser demolida. E, acreditem ou não, embora ligeiramente degradada, velha e, ainda, provisória, quem por lá andou só tem boas memórias. Boas vivências! E é isso que quero transmitir no poema.

A escola é conhecida com escola velha, por haver uma mais recente a poucos metros de distância. Maior e mais bem conservada, jamais terá o mesmo ambiente que, pelo menos, se vivia na velha.

Especial: Na hora do Chá IV

O tempo tem sido de louvar!

Isto de trabalhar por turnos tem, afinal, muito que se lhe diga!
E depois, a vida social!! Abastada!

E é por isso que tenho vindo pouco até aqui, conversar-vos. Espero que me entendam!

Obrigado a quem tem comentado. Fico feliz por conseguir transmitir ideias, sentimentos e opiniões. Sejam elas como forem! Gosto é do feedback!

Devido a este atraso de uns diazitos, hoje deixar-vos-ei dois poemas, até porque são os últimos do meu primeiro livro não editado, Expiração.
Um já está aqi por baixo, o outro, aqui em cima!

Poema XXXI - Amizade... (a nossa)

Aos Amigos


Contaste-me os teus segredos,
Atraíste-me.
Contei-te os meus medos,
Não me traíste.

Segredaste ao meu ouvido,
Não espalhei.
Tu foste o meu abrigo
Onde um dia eu chorei.

Da tristeza me tiraste
Nesse melancólico dia,
E com prazer me mergulhaste
Nas tuas águas d'alegria.

A ti não te mentia
Mesmo que te ferisse com a verdade.
Não deixava passar um dia
Sem o dedicar à nossa amizade.

Bruno Torrão
99/11/12



Sagrados!
Ainda que alguns se tenham distanciado pelos caminhos da vida, tanto pelo que dei como pelo que me deram, não deixarão nunca de ser... Sagrados amigos! Valiosíssimos!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Poema XXX - Novamente para ti

A Florbela Espanca


Por vezes desejo morrer
Por nunca te ter conhecido.
Queria ter sido o teu menino querido,
A tua alegria de viver!

Quando à noite estou na rua,
Nostálgica, triste, sombria...
Estar contigo era o que queria,
Ver-te feliz à luz da Lua.

Olho para o céu.
Ai como brilha aquela estrela...
Sim, és tu, Florbela,
Iluminando o coração meu!

Emociono-me. "Vem"!
Grito de surdina;
És o ouro da minha mina,
No horizonte, a maior nuvem!

Não, não choro.
Tu não queres que chore, não!
Olho para o coração
Vejo-te a ti... Não morro!

Bruno Torrão
99/11/04

Especial: Na Hora do Chá III

Foi registado hoje, por volta das 03h42m, a 100ª visita, segundo o contador da Blogpatrol.

É, ou não, motivo de festa?

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Outros IV - Frederico Valério

Não sei por que te foste embora


Não sei por que te foste embora.
Não sei que mal te fiz, que importa,
Só sei que o dia corre e àquela hora,
Não sei por que não vens bater-me à porta.

Não sei se gostas de outra agora,
Se eu estou ou não para ti já morta.
Não sei, não sei nem me interessa,
Não me sais é da cabeça
Que não vê que eu te esqueci.
Não sei, não sei o que é isto
Já não gosto e não resisto
Não te quero e penso em ti.

Não quero este meu querer no peito,
Não quero esperar por ti nem espero.
Não quero que me queiras contrafeito,
Nem quero que tu saibas que eu te quero.

Depois de este meu querer desfeito,
Nem quero o teu amor sincero.
Não quero mais encontrar-te,
Nem ouvir-te nem falar-te,
Nem sentir o teu calor.

Porque eu não quero que vejas
Que este amor que não desejas
Só deseja o teu amor.





Escrito propositadamente para ser cantado pela Amália Rodrigues, este, é um dos meus fados predilectos...
E tanto que tenho cantado para mim... por ti...

Poema XXIX - O teu choro

Esta noite ela chorou
Sem ter qualquer tristeza
No coração que a abandonou,
Deixando-lhe a incerteza
Com que se inspirou
Na noite mais fria,
Resplandecente de beleza,
Para uma boa poesia.

Ela gemia...
Ela gritava,
Ninguém a socorria.
Ninguém a ajudava.

Chora; grita...
Eu oiço-te chorar
Nesta noite de lua cheia.
O teu choro é um cantar
Para uma pequena plateia
Que chora ao te ouvir cantar à luz da bela lua
Colocada lá no alto
Que deseja dar um salto
Para a solitária rua
Só tua.
Chora; grita!

Bruno Torrão
99/10/26

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Poema XXVIII - Fica comigo

A Renata B.

Sinto-me estranho, esquisito, saudoso...
Não sei a causa para tal sentido.
Parece infinito...doloroso,
Mas um bem tão bem querido.

Quero sentir o que sentia
Quando pensava que não tinha fim,
Aquela imensa, grande alegria
Que sentia ao ter-te ao pé de mim.

Felizmente ainda me sinto bem,
Mas... há algo diferente,
Como a Natureza faz também
Ao por uma nuvem tapando o sol quente.

Mana. Não te quero perder,
Nunca te quero ver de longe
Quero que contes comigo hoje
E amanhã, e o que depois vier.

Às vezes só me apetece estar contigo
E só contigo ficar.
É como se fosses o meu abrigo
Que me abriga do fogo que me quer queimar.

Bruno Torrão
99/10/25



A Renata foi uma das minhas melhores amigas. Mais do que adorá-la, tinha por ela um dos amores mais saudáveis! De tal modo que eu já tinha o convite para ser o padrinho do filho dela...

Mas a tacanhez, por vezes, leva as coisas demasiado longe. Não querendo esconder do marido a orientação sexual daquele que iria ser o padrinho do filho foi proíbida de estar comigo e, obviamente, o convite foi desmanchado...

Nunca mais soube nada da (verdadeira) Renata.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Poema XXVII - Entristecendo

Cai a gota da alegria...
Enche a rua escura
Numa noite de loucura...
Noite bela e fria!

Cai a gota da amargura.
Nasce o dia que pediste.
Em que o sol sobe triste
No horizonte que se procura.

Cai a gota da tristeza.
Desmascara o meu disfarce,
A lágrima caída da minha face
Inunda o copo sobre a mesa.

Cai a gota da fantasia,
Em seguida dum suspiro.
Penso agora num retiro
Para viver em alegria.

Cai a gota da verdade...
Estou de volta aos sentimentos.
Tento curar os ferimentos
Causados pela realidade.

Volto de novo a esse Mundo
Onde vivo em harmonia,
Procurando no dia-a-dia
O sonho mais profundo!

Bruno Torrão
99/10/22

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Poema XXVI - Amor sonhado

Esta noite eu chorei,
Mas não foi por triste me encontrar,
Foi na vida que eu pensei,
Na falta de sorte para amar.

Queria estar num sonho
Em que tudo é alegria,
Em que nada é medonho
E só de amor se viveria.

Quem me dera estar nesse Mundo
Onde o coração não fica ferido,
Onde pelo amor se vai ao fundo...
O Reino do Cupido!

Onde Afrodite está no olhar...
No beijo, uma certa arte.
Há um punhal que se levanta do Mar!
E que Vénus não o deixa matar-te.

Mas este sonho não me deixa dormir,
Tal como o amor não mo deixa sonhar.
Fica então um coração a ferir
Por ninguém o conseguir amar.

Bruno Torrão
99/10/11



E depois de tanto ano, esse mesmo sentimento...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Poema XXV - Em que penso

Aqui estou novamente
A pensar no que escrever,
No interior do meu quarto quente,
Sobre o que me faz rir ou sofrer.

Agarro então no meu caderno
Onde irei desabafar,
Penso em escrever sobre o Inverno
Mas está muito calor para nele pensar.

Sonho então que é Verão,
Num dia de sol e de alegria,
Mas estou triste. Agora não!
Tento amanhã, durante o dia.

Penso agora na Primavera.
De seguida no Outono.
Mas no fundo, quem me dera,
Estar mortinho de sono.

Sem mais nada para escrever,
Decido então em me ir deitar.
Só desejo poder ver
Quem agora estou a amar!

Bruno Torrão
99/10/10



Sobre o poema... nada digo.
Sobre a ausência... problemas atrás de problemas... Primeiro, uns "atrofios" com a ligação. Depois, um "atrofio" com o coração...

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Poema XXIV - Letras tímidas

Letras que me calam,
Que me suportam a timidez,
São versos que falam
Do que o poeta faz,
Do que o poeta fez.

Carregadas ao de leve
Como se nada soubessem,
Suaves como a neve,
Pesadas como a chuva,
Caindo das nuvens que d'alegria escurecem.

Letras que não falam,
Que se enchem de fantasia,
E da solidão se isolam
Nas linhas em que escrevo
A mais bela poesia.

Bruno Torrão
99/10/07





É este o poder pleno das palavras...

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Poema XXIII - Assim se passa em Timor

Acordem. Pede-se socorro
Para acabar com esta dor,
Com o medo, com o choro,
Que agora passa por Timor.

Liberdade, palavra linda,
Que em Timor não existe ainda.
Angústia, palavra feia,
Que agora corre em Timor
Tal como corre o sangue na veia.

É urgente parar quem fere,
Para que haja democracia, liberdade,
Aqui mando para o povo maubere,
O meu acto de solidariedade.

Bruno Torrão
99/09/09




Este poema foi escrito para ser enviado para a RTP, no dia 10 de Setembro de 1999, para ingressar num "manifesto" para a Comunidade Internacional, organizado pela RTP, de modo a pressionar a mesma a fazer algo pelo actual estado de Timor Lorosae.
Recordam-se?

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Poema XXII - Quero-te ter aqui

Tu és
O meu melhor talismã,
A minha estrela da sorte.
Acordar contigo de manhã
Faz-me sentir mais forte.

Estar contigo a meu lado
É o melhor que pode acontecer,
Só te vejo a ti, meu sonho alado,
Quero-te amar até morrer.

Não sei o que por mim estás a sentir
Nem no que pensas em fazer,
Só sinto o amor a subir
Mas a solidão não quer ceder.

Fazes-me acordar tão cedo
Por seres só tu com quem consigo sonhar,
Por alimentares este meu medo,
De pensar que contigo não vou ficar.

Bruno Torrão
99/08/20

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Poema XXI - Duas faces

O que faz agitar o mar
Que está tão revoltado?
O que faz sonhar o sonho
Que só sabe sonhar acordado?

O que faz gritar o vento
Que não para de soprar?
O que acalma o que não aguento
Que não me deixa rebentar?

Sei que é aquilo que me guia
E que me mata quando estou perdido,
Que só existe de noite e de dia,
Que tem duas faces e um só sentido.

Que esconde na cara d'anjo o diabo
Ao brincar com o coração
E que dá por acabada
Esta boa sensação.

Eu pressinto-o num arrepio
Resplandecente de calor
Intensamente sentindo o frio,
Do sangue gelado do amor.

Bruno Torrão
99/08/18




Até acho piada (lá está o meu sentido humurista!) a estas pseudo-filosofias imberbes!
Só de julgar que me sentia quase que um génio literário... Sim, porque modéstia foi coisa que nunca consegui adquirir lol
Felizmente agora tenho a noção de que sou mais modesto... mas que continuo a ser um grande génio! :P
E ai de quem me venha baixar a auto-estima hoje!!

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Poema XX - Será?

Será que o amor
É a razão
Para que não haja calor
Durante o Verão?
Será que é o Inverno
Iluminado por um trovão?
Será como o caderno
Em que descarrego a solidão?
Será como o sangue que não vai ao coração,
Que para todo o lado me segue
Sem ter qualquer razão?
E que com um grande sorriso
Me pisa contra o chão,
Que se torna tão pesado
Cortando-me a respiração,
Que me faz chorar
Como um bebé chorão,
Que me faz viver
Com a tal obsessão
Que me faz morrer
Sem ter a arma na mão.

Bruno Torrão
99/08/03





Gostava muito de forçar as rimas... lol

Por acaso recordo-me bem de quando escrevi este poema. Estava deitado a ler qualquer coisa e, num momento, deu-me aquela "gana" de escrever qualquer coisa. Aliás, creio que até se nota que não foi uma coisa espontânea...
Seja como fôr, viriam dias melhores :P

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Poema XIX (parte 2) - Ventus et Luna

III

Foi então que a noite passou
Que de tanto sofrer, o coitado
Ainda estava acordado.

Na sua cara não se encontrava,
Nos seus olhos não se via,
Uma única gota de alegria.

Estava tão angustiado
Com o destino que Deus lhe deu,
Que a uma certa altura desapareceu.

Foi então que a noite chegou,
E a sua amada apareceu
Logo na noite em que ele morreu.


IV

Mas a história não acabou
Só por ela não o ver
Pois então decidiu também ela morrer.

Agora que ela se foi
E com ele já se encontrou,
O céu limpou, o sol brilhou.

E então voltou de novo
A alegria que antes viviam,
E até já não têm o medo que tinham.

E se de resto querem saber
Como terminou a história,
Basta que recorram à vossa memória.

Não me importo que não gostem
Por não estar original,
Mas na minha opinião, até nem ficou mal.

Bruno Torrão
99/08/02

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Poema XIX - Ventus et Luna

I

Um dia o Vento levantou
E a mim me veio perguntar
Se alguém dele conseguiria gostar,

Eu disse-lhe que não sabia
Mas que comigo podia tentar,
E ele não fez mais nada, começou a chorar.

No seu choro consegui sentir
Algo que me fez arrepiar,
Dei-lhe alguma segurança para desabafar...

Foi tão forte o seu desabafo
Provocado por uma tal dor
E ele só disse assim: "Isto é amor".


II

Quando acordei no dia seguinte
Fui direito à janela,
E vejam quem fui encontrar, ele com ela.

Retratou-se a sua alegria
No dia que já estava tão belo,
O céu tão azul, o sol tão amarelo.

Veio então a nuvem negra
Que saltou do meio da rua
E se foi por entre ele e Lua.

O sol parou de brilhar,
O céu a escurecer,
E ele só conseguiu fazer chover.




Esta é a primeira das duas partes deste poema. Amanhã trago-vos o que resta. :-)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Poema XVIII - O meu orgulho

Esta poesia que escrevo,
Que me torna tão orgulhoso,
Que me torna tão saudoso,
Que me torna tão feliz,
Que descreve tudo o que quero
Tudo o que quis!
Que caminha da alma
Um tanto nervosa,
Um tanto calma,
Mas que vem de lá do fundo,
Faz-me sentir o dono do Mundo,
O melhor de todos os poetas,
A mais difícil das entradas secretas,
A mais venenosa aranha,
A mais alta montanha;
Aquilo que toda a gente queria,
O ar que se respira no dia-a-dia...
Isto tudo vive cá dentro;
É a alegria com que rebento,
Que por mim se espalha como o vento.

Bruno Torrão
99/07/11

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Poema XVII - Feellings

São estes os sentimentos que me atacam,
Os arrepios que me arrefecem,
As previsões que prevejo,
Os acontecimentos que acontecem,
As tristezas que me entristecem,
As alegrias que me alegram,
Os sustos que me pregam,
As lágrimas que escorrem,
As vidas que não morrem,
Os sonhos que se sonham,
Os desejos que se desejam,
Os beijos que se beijam.
O suor do calor,
A doença, a dor,
O ódio, o amor...
E assim se pode descrever
A vida dada por Deus.
Despeço-me a escrever,
Com muitos carinhos,
Abraços, beijinhos,
E com um grande, doloroso,
Para sempre saudoso...
Adeus.

Bruno Torrão
99/06/28

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Poema XVI - Este aperto

É este aperto que te desperta
Para a fonte da tua alma,
Que nesta vida tão incerta
Te tira a calma, a calma.

É esta calma tão triste
Que te segue no dia-a-dia,
Que infelizmente tu fingiste
Ser uma grande alegria.

É esta alegria da tua vida
Que te faz sentir triste,
Esta qualidade que te é tão querida,
É o punhal com que te feriste.

É esta ferida que te dói,
Neste momento de dor,
E desta maneira se constrói
O que se chama de amor.

Bruno Torrão
99/06/27

Ainda que sejam tão infantis, os poemas, acho-lhes piada. Tal como se fossem meus filhos! :-)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Especial: Na Hora do Chá II

Como é hábito, recorro diariamente ao controlador de visitas do Signo das Letras, e tal não é o meu espanto quando me deparo com uma visita além-fronteiras!
Mas... da China!?

Tenho de começar a pensar na tradução do blog para Mandarim...!

Poema XV - Diz-me

A Daniela Barrocas


Conta-me o que sentes por mim,
Diz-me toda a verdade,
Se é também um amor sem fim,
Ou apenas uma grande amizade.

Se apenas amizade for,
Podes dizer, aguentarei,
Mas por todo este amor,
Certamente sofrerei.

Mas mais vale a grande amizade
Do que o pequeno ódio,
E digo-te com toda a sinceridade,
Que tentarei chegar ao pódio.

Posso apenas tentar
Mesmo sem o amor conseguir
Mas com um amigo podes sempre contar
Para chorar, ou para rir.

Bruno Torrão
99/06/17




Devo pedir, por este meio, desculpas pela atrasada actualização do Signo das Letras.
Após uma semana relativamente atarefada, espero voltar com o vigor regular.

Relativamente ao poema, trata-se da mesma situação que já referi nos Poemas VII e IV.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Poema XIV - A minha vida

Já não sei escrever poesia
Daquela que escrevia no dia-a-dia,
Aquela que me tocava
E a certa gente arrepiava.

Será que perdi o jeito,
Aquele que vivia no peito,
Que crescia durante a mágoa.
Terá ido com a água?

Onde está essa alegria
Que em certos tempos eu vivia?
Ter-se-à perdido na vida?
Estará mesmo perdida?

Poderá estar escondida
De tal forma que não a encontro.
Porque será que a vida
Chegou a este ponto?

Quem poderá responder
Se ninguém realmente me conhece,
Se nem eu me consigo conhecer
Nesta sina que tanto estremece!

Bruno Torrão
99/06/12




Quando a musa se nos interrompe, e vemos todos os nossos sonhos quase que a esvair, é o medo que persiste. Ou só existe... sem persistir!
Ainda hoje tenho um medo temível de perder a inspiração...

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Poema XIII - Para ti

A Florbela Espanca

Pela morte acudiste
Salvação para tua dor,
Com esse amar triste
Na "Charneca em Flor".

Compreensão pedias
Ao fogo, aos ares, às águas,
Da alegria fugias
Para o "Livro de Mágoas".

Obcecada pelo roxo,
E pela morte, é verdade,
Pedes ajuda ao pintassilgo, ao mocho;
É "Soror Saudade".

Em teus poemas encontrei
Inspiração, acolhimento,
"In Reliquiae" chorei
Teus poemas de desalento.

Bruno Torrão
99/02/11




Uma paixão que contínua... Porém, modéstias à parte, melhor expressas!

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Poema XII - Homem sofredor

Deus, respondei-me porquê?
Porque me Deste esta dor?
Porquê a mim, porquê?
Porque sou eu o sofredor?

Deus, eu Te pergunto,
E Te peço; ouve o meu som...
Ajudai-me naquilo pelo que luto,
Ajudai-me a desvendar o meu Dom.

Deus, eu Te peço;
Ilumina-me no Mundo,
Ajudai-me nas malhas que teço,

Ajude o Homem
A alcançar o fundo,
A ganhar coragem,
Para derrotar a dor
E viver, para sempre, em amor.

Bruno Torrão
98/11/15




Este é dos poemas que menos gosto em toda a minha obra... Tal como alguns anteriores, estive tentado a não o postar. Mas, por alguma coisa o escrevi e, por essa mesma razão, não é menos meu só por não gostar!

Poema XI - Versos

Versos meus que escrevo,
Que tudo são para mim no Mundo,
A vós a minha alegria devo
Pois ajudasteis-me a respirar fundo.

Foi em vós que descarreguei
Toda a fúria do dia-a-dia,
Sois vós que me ajudais,
Sois vós que me dão alegria.

Novamente vos peço, meus amigos,
Para aguentar a minha tristeza.
Sois vós os meus abrigos
Desta vida de incerteza!

Bruno Torrão
98/09/29




Os versos que tudo aguentam...

sábado, 20 de janeiro de 2007

Poema X - Poesia viva

A vida é um livro de poesia,
E cada poema um dia de uma vida.
Tem dias de agonia,
Tem dias de alegria.

Cada verso é uma hora,
Cada minuto uma letra.
O sangue é tinta preta
E cada espaço uma memória.

Em cada ponto há um beijo,
Cada sonho é um acento.
Em cada vírgula há o desejo
De ser punhal e ferir o sentimento.

Bruno Torrão
98/07/28




Mais a dizer...?
Só sei que nesta altura comecei realmente a perceber que tinha a tal "queda" para a poesia. Não querendo com isto dizer que seja alguma coisa de jeito... : P Mas que escrevia (e escrevo), isso, sem dúvida! ; )

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Poema IX - Vaidade de poeta

Um poeta só é poeta
Quando triste se encontra,
Quando a mágoa lhe toma conta
Da sua alma discreta.

Um poeta só é poeta
Quando sente saudade,
Sentindo uma vaidade
Naquilo que o desperta.

Todo o poeta tem duas faces,
A triste, que o atormenta
Enquanto o poema não rebenta,

Depois do poema nascido
Nasce, por dentro do poeta, escondido,
Um novo dia,
E em simultâneo, a alegria...

De ser POETA

Bruno Torrão
98/07/27




Uma vaidade que permanece... E ainda bem!

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Especial: Na hora do chá

Cinco dias após ter instalado um contador de visitas no Sob o Signo das Letras, ao qual dei o nome de Curiosos, venho aqui agradecer-vos a visita na inauguração.
Trata-se de um blog novo, inserido num já saturado mundo de blogs e, de tal facto, que uma visita que seja, é sempre positivo!


Esta é a imagem que comprova o sucesso do Signo das Letras!
Obrigado!

Poema VIII - E foi-se tudo

Foram dias,
Foram dias e dias,
Foram sóis sem alegrias,
Tu possuías-me...
Tu não sabias.

Foram noites,
Foram luas,
Estrelas a fazer das suas,
Projectando em minha memória
Características tuas.

Foram montes,
Foram mares
Que movi só para me amares.
Suei suores frios,
Sofri só para me amares!

Foram galáxias,
Foram planetas,
Foi-se o Universo e os cometas.
Desapareceram quando tos dei
Pois para ti foram tretas.

Bruno Torrão
98/06/14




A dura e eterna sensação de que, por mais que dê tudo o que possa, no fim, não passa de esforço sem recompensa...

Estrelas Sugestiva I e II

Este espaço dedico-o aos sons que me sugerem a escrita.

Na primeira semana (11 a 17 de Janeiro) dei-vos a conhecer Segue a minha voz, do meu amigo Gonçalo Salgueiro. É o seu segundo álbum, e não é pior que o primeiro (No tempo das cerejas) que, já por si, é fantástico!
Deste álbum sugiro, dentro das novidades, Voz do escuro, Canta coração, No te quiero, porém, todo o álbum é bastante bom de ouvido... E uma excelnte acendalha à poesia!

Esta semana, que terminará a 24, deixo-vos uma dupla canadiana que, embora pouco "famosa" já tem uma vida artística bastante louvável, porém, cada um a solo. Alias & Tarsier.
Brookland / Oaklin é o primeiro álbum em conjunto e, a ver por este, dá-se razão ao mote "Duas cabeças pensam melhor que uma", neste caso, criam!
Como faixas sugestão, fiquem com estas: Cub, Last Nail, Dr.C e Plane That Draws a White Line.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Outros III - José Carlos Ary dos Santos

Da minha torre de Narciso


Ao sol, ao vento, à música, levanto
Esta voz que não tenho. A Deus imponho
A obrigação de me escutar o canto
E entender o que digo e o que sonho.

A mim me desafio. Aos outros ponho
A condição de me odiarem tanto
Que não descubram nunca o que suponho
O meu secreto e decisivo encanto.

Contra o que sou me guardo e quando oiço
Falar do que pareço, posso então
Encher o peito de desprezo e riso.

Pois só eu me conheço e só eu posso
Subir até àquela solidão
Onde me incenso, amo e realizo.






Era, de todo, inadmíssivel se, depois de deixar aqui poemas da Florbela e da Amália, não vos delicia-se com um dos meus predilecto poetas. José Carlos Ary dos Santos.
O génio das mais de mil letras da música popular portuguesa, comunista e homossexual (mais que) assumido, conseguiu, apesar da repressão da época, desviar-se da voraz PIDE e da Ditadura Salazarista! Ainda há quem não o considere génio...?

Poema VII - Do sonho à realidade

A Cláudia Pereira


Se o sonho acabar,
A morte há-de chegar,
Mas há um caminho para escapar;
Seres tu a amar!

Se o sonho acabar
Passa a ser realidade,
Cada um de nós a amar
Para toda eternidade!

Se o sonho se realizar,
E eu acredito que sim,
Sempre te irei amar,
E espero que o faças a mim!

Não morro de amor,
Mas sofro por ele,
Da saudade do teu calor
Se um minuto passar sem ele!

Bruno Torrão
98/02/09




Mais uma busca pela felicidade, neste caso, em termos amorosos. E, tal como o Vera, já não sou eu, mas fui!
E, neste caso, até há uma história engraçada. A irmã da visada no poema estava apaixonada por mim, e a própria Cláudia, dois ou três anos mais tarde, acabou por namorar com o meu irmão... Que novelas!!

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Poemas VI - Dei-te (para nada)

Dei-te tudo o que podia
Porquê, não sei.
Dei-te tudo o que tinha
Dei-te a vida
Meu coração
Meu amor
Porquê? Talvez p'ra te ter.

Dei-te tudo o que podia
Porquê? Já sei,
P'ra te ter
Quando?, não sei,
Mas sei que te vou ter
Nem que tenha de morrer.

Dei-te tudo o que podia
Porquê?
P'ra te ter,
Quando?
Um dia
O quê?
A alegria.

Bruno Torrão
97/06/16




Sem dúvida alguma, um dos aspectos quase sempre presentes na minha obra, e bem denotado neste poema, é a busca pela alegria, pela harmonia... É esta a identificação do meu ego-poetis.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Poema V - Solidão

Entrei num caminho,
Comecei a caminhar,
Senti-me sozinho,
Apeteceu-me gritar,

Gritei bem alto,
Mas sem ninguém ouvir,
Desci do planalto
Comecei-me a rir,

E ri, ri bem alto
Mas ninguém me ouviu,
Subi lá ao alto
E quis mergulhar no rio.

E mergulhei, no rio imundo,
Mas sem me molhar;
O rio era bem fundo
E quis-me matar.

Descobri então
Que nada satisfaz
A grande solidão
De um pobre rapaz!

Bruno Torrão
97/05/04




Este foi, durante muito tempo, um dos meus poemas preferidos... Felizmente, e modéstia à parte, já escrevo melhorzito! :P

Poema IV - Vera

Vera,
Se penso em ti
Coro,
Se falo em ti
Coro,
Se foges de mim
Choro,
Se te matas assim,
Morro!

Sem ti nada sou,
Sem ti pensar não sei,
Sem ti minha vida mudou,
Sem ti mais tarde morrerei.

Espero ser teu
Espero ter-te minha
Amar-te-ei até chegar ao céu
Desde que és minha vizinha

Contigo nunca falei
Comigo nunca falaste
Se por acaso eu te matei
Foste tu que me mataste

O meu coração é teu
Mas teu coração meu não é
Se teu coração é meu
Meu coração teu é

Amo-te
Amar-te-ei até morrer
Na eternidade vou-te amar
Até tu me amares também.

Teus lábios desejo
Para os beijar
Mais linda que tu não vejo
Até as "exs" deixei de amar

Se fores Eva, Adão serei
Se Dalila fores, Sansão vou ser
Se fores Inês, Pedro serei
Mesmo que te matem, morto quero ser

Bruno Torrão
23'Abril'1997




Estive a escassos pensamentos de não deixar este poema aqui... Porém, para além de ter prometido que os colocaria todos, este, apesar de já não ter nada a ver comigo, não deixa de ser o que já fui.
Por outro lado, é engraçado assistir à inocência da adolescência...

domingo, 14 de janeiro de 2007

Outros II - Florbela Espanca

Fumo


Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,

Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...




Por tê-la referido no post anterior, lembrei-me de vos dar a conhecer um dos seus poemas que elejo.

Poema III - Noite

Ó tu, que guardas segredos
Partilhados com a Lua
Com as estrelas, com a rua,
Trevas cheias de medo.

Ó tu, assim na escuridão
Com tristeza para dar,
Com ninguém para amar,
Sem vida, sem coração!

E eu, de ti tenho pena
Ao ver-te assim perdida
Dei-te a minha vida
Pois tu és pequena.

Afinal que queres tu?
Ser sol e raiar de alegria,
Ou ser lua em pleno dia?
Que queres tu?

Bruno Torrão




Das composições poéticas primordiais que tenho, esta é a última sem data, porém sei, no entanto, recorrendo à memória que referi no post Poema II - Morte, que foram ambos escritos na mesma noite.

Tanto um como o outro são capazes de dar um "arzinho" de Florbela Espanca. E é normal que assim seja! Desde muito cedo (refiro-me aos meus 11/12 anos) que me apaixonei com todas as letras por esta mulher. E é, sem dúvida, a minha mais duradoura paixão fora do meu elo familiar... E assim pretendo que continue a ser. Por algum motivo a considero como uma tágide quando me sinto Camões!

Outros I - Parabéns

Parabéns,
Para males,
Para tudo... Aqui estamos!

Aqui nos tens,
Nos aniversários e "Carnavales"
Natais e fins de anos!

Para hoje e amanhã,
Seja tarde, noite ou manhã,
Madrugada ou não sei quê,

Entreposto do dia ou da vida.
Aqui estamos a fazer guarida,
E a escrever "pr'á você"

Parabéns amigão!
(by: Bruno's friends)




Há um ano atrás acordei com dozes mensagens iguais, cada uma delas com o este mesmo texto... Hoje acordei com outras tantas, diferentes entre cada uma, mas que souberam tão ou "mais bem".
É graças a vocês que continuo a gostar de fazer anos! :¨-)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Letras I - Canta Coração

Canta coração
A canção
Que aprendeste
Chora coração
A paixão
Que tiveste

Reza coração
O perdão
Que não deste
Que há quem nem sequer
Tenha para perder
O que tu já perdeste

Feliz de quem sente
Como isto é verdade
É cinza, é saudade
Que aquece a gente

Lembra coração
A ilusão
Já perdida
Sofre coração
A lição
Recebida

Esquece coração
A traição
Partida
Que há quem nem sequer
Tenha para perder
Um amor na vida.

Amália Rodrigues




Esta é uma das letras excelentemente cantadas pelo Gonçalo Salgueiro, no CD que sugiro aqui ao lado. Um poema simples e forte.
Quantas vezes não teremos sofrido por perder algo? E quem nunca teve? Será maior o sofrimento? Ou não sabe o que é sofrer tal perda, ou inexistência, neste caso?

Poema II - Morte

Senhora Dona Morte!
Que vieste tão cedo,
E eu, cheio de medo,
Sem um pouco de sorte,
Morri neste rochedo!

E tu que riste,
Choraste de alegria,
Sabendo que eu sofreria,
Que eu ficaria triste
Neste meu último dia.

Mas diz-me quem és tu!
És a tristeza alegre?
És a vida parada que segue?
És o amor vestido de nu?
Ou uma afirmação que se negue?

" Não! Sou apenas o bem,
Aquela sem amizade
Que vive na saudade,
Que aquilo que quer não tem,
O amor com lealdade."

Bruno Torrão




Este poema, também sem data, foi, provavelmente, escrito em 1996, quando tinha 14 anos. Consigo até recordar onde o escrevi. Fantástico! O próprio sentimento, as emoções no momento...
É por isso que a poesia me transmite tanta coisa. Para além de me dar uma total liberdade para extrair e demonstrar os ditos sentimentos, as ditas emoções, aviva-me a memória! Até porque raros serão os poemas em que não me recordo, elo menos, do sítio onde os escrevi.

Hoje publico dois poemas dado o facto de não estar presente este fim-de-semana.

Poema I - Adeus

Em tudo o que vivi
Nada me deu alegria,
E hoje estou aqui
A viver o último dia.

De tudo sou acusado,
Em nada tenho desculpa,
Se acontece algum estrago
Já sei que tenho culpa.

A mim apontam o dedo
Sem dizer de minha justiça,
Vou desaparecer do mundo
Pois o acho uma injustiça.

Da minha vida nunca gostei,
Ninguém de mim gostou,
A paciência chegou ao fim,
A minha vida acabou.

Bruno Torrão




Esta composição poética, originalmente sem data, foi criada entre 1993 e 1994, quando tinha 11-12 anos de idade. Ainda que não tenha sido o primeiro poema que eu tenha escrito, foi o único a resistir até hoje.
Com este poema inicío o primeiro livro, Expiração ao longo de quase 5 anos, aglomerando 32 composições.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

O cortar da fita

Sem flashs nem festa, sem passadeira vermelha nem mesa cheia de croquetes, aqui e assim se inaugura Sob o Signo das Letras.

Neste novo palco apresentar-vos-ei toda a minha obra poética, assim como pensamentos, frases, contos, etc.

Quem quiser ver também aqui expostos trabalhos, é só comunicar para magus.nocti@gmail.com, e referir no assunto Signo das Letras.

Ainda relativo à minha obra, farei por colocar todos os poemas por ordem cronológica, embora possam existir alguns sem data. Mas isso explicarei, se preciso for, em cada post.

Vão visitando...
Enjoy it e não enjoem! ;)